terça-feira, 8 de setembro de 2020

Um stop

Parar nesse mundo é luxo
Parar para sentir o ser,
Mentalidade incomum
Quando só querem ter.
Loucuras de um século...
O afã do corre-corre...
Mas um stop para respirar
Segue o fluxo da atenção
Desliga a agitação
E pausa a ambição.
 
Lucas Costa.

sábado, 15 de agosto de 2020

Onda de poesia VIII


Banhada pelo resplendor do luar
A última onda flui...
Um adeus a se conjugar!
 
Nosso caminho ela permeia
Adocicada com lembranças
Com vida que novidade anseia...
 
Cada rio que ela enche
A torna mais rica em memórias.
É a energia que preenche
Esse confraternizar de histórias!
 
Essa onda dissolúvel
Afinal, é bem salgada.
Ela espumeja, irreversível
Espraia saudade apertada.
 
Lucas Costa.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Rastro

E parece que o rastro
Daquela estrela que caiu,
Se fez a ponta de meus desejos.
Aqueles que sumiram
Aqueles que se transformaram.
E hoje olho para o céu
Pra ver maior estrela.
Elas valem o caminho
Dos poetas que cruzam desertos
E só então com elas falam.

Lucas Costa

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Olho o tempo...


Olho o tempo,
Tic-tac, tic-tac
Que não deixa
De trazer cabelos brancos
Aos meus avós.
Ah! Se eu pudesse emudecer
Os tic-tacs das horas!
E desmantelar os fios e o alvoroço
Desse aparelhozinho misterioso.

Lucas Costa


sexta-feira, 15 de maio de 2020

Memórias

Nesse caminho de memórias
Tecidas naquele quadro
Ou em papel recicladas...
Eram assim nossos pais,
Nossos velhos, nossos amores?
Vivo para escrever momentos,
Para sonhá-los nas vicissitudes
Que bordam os sentimentos.
De novidade eu as revisto,
Na inconstância do luar,
...não vivemos mais
Como nossos pais.
Das feridas que eles
Já enfrentaram,
Guardemos nosso coração
Nessa próxima estação.

Lucas Costa

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Limites

E as estações são outras...
Quando adultos nos tornamos
Já começamos a podar
Plantas
que estavam
Tomando o jardim do outro.
Já começamos a remover
Brotos do que não queremos.

Limites para o tempo
Limites para o cuidar
Limites para nós
Limites para o outro...
São muros de responsabilidades!

Lucas Costa.

domingo, 15 de março de 2020

Em tempos de pandemia

Tudo se transforma
Nas esparsas crises.
A pandemia o mundo assola
Se demoram tristes matizes...
O reflexo da dor.
Tudo será outro depois dessa.
Mudanças indubitáveis,
As coisas simples, veneráveis
Ganharam mais nossa atenção...

Mas quanto tempo durará?
Só nosso fado revelará
As desgraças nos ensinam
Frágil, frágil é nosso respirar.
Que dinheiro e sua felicidade
A finitude leva embora.
Que o simples é eternidade
E bem mais caro é perdê-lo.

Lucas Costa

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Cascata

Cascata Dorigon de São Pedro - SP. Fonte da imagem: https://saopedro.com.br/site/wp-content/uploads/2012/05/cascata-dorigon.jpg

Grossa cascata das simples coisas
Água simples limpa as pedras
Bate... bate sua corrente nelas!
E a vida se desapega.
Descem torrentes sobre o mar.
Nessa caída, o espumar...
E sinto a frescura sobre mim
Sobre a pele... Ah...
A alma banha tão liberta!
Eu e ela, dois, em meio às tantas pedras.
O amor é a força que une as águas
E rejuvenesce as almas.

Lucas Costa

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Onda de poesia VII


A sétima onda se propaga
Vem do alto aos meus olhos.
Emergente, a todos paga
Ilumina meus óculos velhos.

Irradiante! Luz corriqueira...
Luz que afasta a cegueira...
Luz que dilata meus pupilos.
Imagens, estéticas, estilos.

De várias fontes, energia
Aclara a realidade...
Mas... revela minha miopia.

Luz, só não me cega!
Não quero seu excesso
Que causa efeito adverso.

Ressaca!

Lucas Costa

domingo, 29 de dezembro de 2019

Amadurecimento


Poesia dedicada à professora que menciono, Wellitania Oliveira.

No cair e levantar
O caminho se contorna
Tombo de arrebentar
Aprendizado nos retorna.
O caminho é estreito...
Mas nos rende proveito.

Todas as oportunidades
Estão nas portas fechadas
Quando as incredulidades
Deixamos dentro trancadas.
Do lado de fora
Um novo dia nos revigora.

Certo dia, a professora
refletiu: “Crescer dói”.
Palavra acalentadora...
Pra mesma dor que nos corrói
O curativo do tempo
Com dedos cautelosos, é alento.

“Tudo passa, nada fica.”
Continuou a reflexão.
O tempo nos implica
Que não paremos sem razão,
Porque assim somos formados
De experiências, reformados.

Dor, tu és sofrimento...
Que preenche o vazio
Do não viver, desolamento.
És causa do arrepio
Mas também amadureces
Teu incômodo fortalece!

Que paradoxal tua natureza!
Dor que cria o ganha-dor?
Se te ganho a cada dureza,
Me fraquejo com teu ardor?
Do amadurecer, a essência
Se firma na resistência.

Lucas Costa.

Ser ou não ser

Um sonhador de versos,
reverso ao que faça des-sonhar.
Um aprendiz que compreende
que os altos e baixos
fortalecem o caminhar.
Um curioso que busca
a novidade no que é rotina
procura peneirar o ouro
daquilo que ofusca
numa áurea mina.
Um admirador das linguagens
que a semântica traspassam,
um subjetivo de passagem,
num mundo objetivo.
Um guerreiro que sabe:
só é ganhador
quem ganha dor.

Lucas Costa.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Secou-se...

Pintura à óleo: Amoreira no outono, de Vicent Van Gogh (1889). 

Dentro de nós, corre uma fonte
Água que sacia o solo,
O pomar de frutas fragrantes...
Que rega o riacho rente.

As melancias, abundantes
As mangas, degustantes,
Cheias da água que alimenta,
Que as esperanças, sustenta.

Mas esqueci de cuidar
Do meu pomar...
Foi a própria lida...
As cobranças da vida.
Mas fui em quem esqueci.

E veja... Secou-se o riacho
Que enchia meu interior.
Murchou-se a força
Do meu pomar.

Paro-me. Paro-me...
Venha Água, limpidez.
Cure essas rachaduras outra vez...

Lucas Costa.

domingo, 20 de outubro de 2019

Do poetizar II



Sempre há um motivo
Para o poeta se inspirar.
A linguagem é infinita...
É preciso que ele insista
Em continuar no mundo
De jogos e sentido
Da língua que perpassa
A diversidade de gerações.

É para quebrar as barreiras
Da resistência à beleza,
Que a poesia em nós
Sensibiliza e traz clareza
Aos olhos que divagaram.
Olhos que se perderam
Com coisas que não param
De cegar o tempo deles.

Ah... Quanto devo à poesia?
O preço da liberdade...
Ela vem para desvendar
Aqueles olhos acostumados ao escuro.
Faz renascer o calor do dia
Para secar o sereno que esfria.
Faz reviver a dor da verdade,
Tirando a maquiagem da hipocrisia.

Lucas Costa.